Além de ser o mais emblemático festival de música do Brasil, o Rock in Rio, que este ano completa 30 anos, também figura-se como um dos mais exitosos planejamento de megaeventos que considera inúmeros aspectos paralelos e que acabam se tornando essenciais para ampliar toda a engrenagem econômica e social do projeto.

Para a edição comemorativa de 2015 na cidade do Rio de Janeiro, os primeiros números do evento já apresentam singularidades interessantes.

Quase metade do público do evento  em torno de 46% será de pessoas de fora do Rio de Janeiro. O evento está apto para receber 100 mil pessoas por dia, sendo que dessa totalidade 15 mil são só de pessoas que irão trabalhar no evento, o que injeta movimentação econômica diretamente nos bolsos desses trabalhadores.

O ROI – retorno sobre investimentos – de um mega evento divide-se em diretos e indiretos, porém uma das mais eloqüentes vantagens diz respeito à oferta de empregos, jobs, serviços temporários ou não, beneficiando não só o turismo propriamente dito, mas cerca de 52 setores econômicos distintos que formam sua cadeia produtiva, com ênfase em projetos cenográficos, no comércio, na indústria gráfica e serviços de um modo geral.

A realização dos grandes acontecimentos especiais pela cidade ainda tem um componente extraordinário e que poucos são os destinos que naturalmente conseguem experenciá-lo, trata-se do acolhimento que o próprio morador da cidade oferece aos projetos e principalmente aos turistas.

Outros players da cadeia turística também tem muito o que comemorar já que foram fechados cerca de 14 mil pacotes turísticos, compreendendo o período do festival, de 18 a 27 de setembro. Essa ocorrência fará com que a média da ocupação dos hotéis na cidade maravilhosa atinja um número significativo de 70%, considerando ainda que é baixa temporada.

A prefeitura tem toda a ciência da importância dos eventos para a economia da cidade e por isso tem uma atuação bastante estratégica e colaborativa, desde a formatação de operações de trânsito especiais para incentivar a mobilidade próxima a região do festival.

Além disso, investiram em um modelo de gestão de transporte público inteligente, contando pela primeira vez, com o uso do BRT – ônibus de tráfego rápido. Na ida, o passageiro deverá embarcar no Terminal Alvorada, também na Barra, onde receberá uma pulseira que permitirá o embarque direto na volta para casa, tornando a entrada mais ágil e prática. Uma estação temporária do BRT também foi montada próxima a cidade do Rock para facilitar a fluidez do público.

A esfera pública precisa enxergar o quanto a realização de grande eventos é benéfica para a economia local e deve buscar ser parceira, possibilitando soluções para minimizar impactos negativos e construindo alternativas que evoquem o quando se sentem orgulhosos de serem as cidades-sedes para tais acontecimentos especiais.

Uma gestão cooperada e principalmente de continuidade integrando órgãos públicos e a iniciativa privada é uma das principais molas propulsoras de tal exitoso panorama dos mega eventos em destinos, possibilitando agregar inúmeras outras facetas ao seu  branding, ou seja, a construção de uma marca, de um destino, que deve constantemente ser revista e reposicionada, pois a sociedade é mutável, e constantemente, apresenta especificidades evolutivas.

Mas… por enquanto vamos ao ritmo do Oh,Oh,Oh,Oh,Oh,Oh… Rock in RIO!

 

Andréa Nakane é diretora da Mestres da Hospitalidade e professora universitária da UMESP e FMU.